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Podem os judeus jogar jogos de azar?
Você já se perguntou se os judeus podem jogar – legalmente – em cassinos e casas de apostas? Embora não haja uma proibição específica, a prática de jogar em cassinos não é muito bem-vista diante dos líderes do Talmude.
Entenda um pouco mais sobre a lei judaica e como isso se aplica nos jogos de azar aqui, no The Red Stone. Vem com a gente!
O que é Talmude?
Talmude, de origem hebraica, é um conjunto de ensinamentos e comentários relacionados ao Torá – o guia prático judeu com mais de 600 mandamentos. Juntos, eles formam a base da lei judaica. É composto pela Mishná e pela Gemara, é possível encontrar as opiniões de diversos rabinos ao longo dos anos – que fizeram parte da história judaica.
Os rabinos são os líderes – como mestres e professores – da coletividade judaica. São encarregados de interpretarem os textos sagrados, sendo considerados uma autoridade na comunidade.
O que está escrito em Talmude sobre os jogos de azar?
Não há nada muito claro sobre a proibição dessa prática. Entretanto, aqueles que jogam com dados são impedidos de servir como testemunha.
Uma das opiniões encontradas em Mishná diz que a proibição se aplica em casos em que o jogador não tem outra ocupação – como um jogador profissional, por exemplo. Assim, o Talmude sugere que essa pessoa é impedida de testemunhar porque ela não contribuiu com nada útil para o mundo.
Uma outra opinião indica que o jogo é um meio de roubo – onde a parte perdedora acaba desistindo do seu dinheiro contra vontade –, sugerindo que, mesmo um jogador ocasional, não poderia servir como testemunha.
Entretanto, essa opinião não é aceita de maneira unânime – uma vez que, ambas as partes de uma aposta se envolveram voluntariamente, aceitando a possibilidade de perda.
Conforme a lei judaica, o motivo para invalidar um jogador como testemunha varia bastante. Se for uma atividade sem significância, a aposta ocasional é permitida, por exemplo. Se o jogo for roubo, por exemplo, o jogador é proibido. Além disso, em qualquer situação, o jogo compulsivo e profissional é proibido.
Nem todos os jogos apresentam a mesma abordagem. Alguns deles não se aplicam no caso de roubo – quando se joga contra a casa é um exemplo disso. As loterias também enfrentam tal questionamento. Alguns rabinos acreditam que comprar bilhetes de loteria é uma forma de roubo, uma vez que a pessoa compra o bilhete por assumir que ganharia o prêmio, entregando o seu dinheiro contragosto. Em contrapartida, outro líder diz que as loterias são permitidas porque o dinheiro do prêmio é derivado de diversas pessoas, e não de uma única e exclusivamente.
As comunidades judaicas não consideram – e nunca consideraram – proibida a realização de loterias e de sorteios para arrecadar fundos para ações de caridade.
O perigo do vício em jogos
Nenhuma das considerações abrange os perigos morais da prática de jogos de cassino. Então, a atenção de muitas autoridades judaicas acabou sendo atraída – inclusive nos dias atuais. Jogadores compulsivos, por exemplo, eram considerados pecadores, e eram acusados de prejudicarem a família e esquecerem-se de Deus. Tal hábito foi descrito como abominável, feio, fútil e imoral.
A prática dos jogos ao longo da história judaica
Historicamente, a proibição da prática de jogos de cassino foi relaxada nos dias de feriados judaicos menores. Já no século XV, foi permitido o jogo de cartas em dias de jejum – a fim de esquecer a dor.
Nos dias atuais, preocupam-se com os efeitos corrosivos dos jogos – principalmente o vício. Um rabino – ortodoxo e ativista social –, Shmuly Yanklowitz, escreveu diversos artigos sobre os perigos do jogo nos últimos anos, relacionando-o à falência, abuso doméstico, criminalidade e, até mesmo, risco de suicídio.
Existem grupos judeus com programas de tratamento contra o vício em jogos de cassino, onde você encontra ajuda para os jogadores compulsivos.
Observação: o vício em jogos, conhecido tecnicamente como ludopatia, é uma doença reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e requer que o jogador acometido busque ajuda para curar o problema – e mesmo preveni-lo, caso sinta que esteja passando dos limites.